terça-feira, 30 de novembro de 2010

Neste Dia 30/11

"As boas intenções têm sido a ruína do mundo. As únicas pessoas que realizaram qualquer coisa foram as que não tiveram intenção alguma."
30 de Novembro de 1900 - Morre Oscar Wilde, escritor irlandês.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Oscar_Wilde 


sábado, 27 de novembro de 2010

O Carro, a Motocicleta, o Caminhão

Pela janela entram os sons da rua lá fora. Ouço bem o transito. Consigo até distinguir o carro, da motocicleta, do caminhão. Vez ou outra, escuto o cantar de um pássaro que passa veloz entre os fios elétricos e os postes. Se der uma espiadela rápida ou se ele pousar num dos fios que passam em frente à janela, posso até conseguir vê-lo. Mas isso é vez ou outra. No mais, minha espiadela pela janela só me mostra mesmo o carro, a motocicleta, o caminhão.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Estúpido e o Inteligente

O post de hoje é fruto das barbarias noticiadas recentemente nos jornais.
Nós, seres humanos, em contrapartida com a nossa necessidade natural de viver em sociedade, temos dificuldade de lidar com o novo e o diferente. E, uma vez que ninguém é igual, suprir essa necessidade pode se tornar algo bem complexo, e esse grau de complexidade é determinado pela (vou ser bem raso na definição) inteligência de cada um.
O estúpido, o pouco ou nada inteligente, TEME o novo e o diferente. Ele não faz a mínima ideia de como agir diante e por isso evita aproximação e contato, rotulando o outro como inimigo, mantendo uma distância de segurança e apedrejando de longe. Criticando o que o novo veio fazer e o modo como o diferente se porta, reunindo todos os aspectos dos mesmos e tomando-os como exemplo do que é errado, do que não deve ser feito, e posteriormente transmitindo a concepção aos seu próximos e seus sucessores.
O inteligente, sabe que o novo deixa de ser novo a partir do momento que o conhecemos e que o diferente passa a ser igual quando enxergamos o que temos em comum com ele. Sabe que as diferenças são limitadas e as semelhanças não, e que a diferença traz sempre uma nova percepção de tudo, ajudando a desenvolver e aprimorar a antiga, impedindo qualquer estagnação comportamental.
Daí o seguinte tweet:
Todo preconceito pode ser facilmente exterminado; Sendo ele causado pela falta de contato e conhecimento, só o que precisa ser feito é contatar e conhecer. Daí então, ele passa a se chamar conceito, podendo ser ruim ou bom. Diferente do preconceito, que é sempre ruim.
O estúpido se prolifera com muito mais facilidade, não precisa de muito para existir, por isso ele se encontra em maior número, o que é uma vantagem realmente relevante uma vez que a posição tomada pelo mesmo é de pura hostilidade.
Percebendo-se em vantagem por estar em maior número, sua tendência perante o que teme é o ataque. Atacar violentamente o diferente é a maneira que o estúpido encontra de dizer quem manda, quem está certo, quem tem razão e pressionar quem o faz sentir-se ameaçado. Paus, pedras, balas, palavras e ultimamente lâmpadas, são as armas que o estúpido usa para se sentir seguro. E uma vez que a justiça e o governo são compostos também por estúpidos, os agressores permanecem impunes, reafirmando que é falsa a existência dos Direitos Humanos.
O inteligente se sobressai com louvor sobre o estúpido, mas por estar em número reduzido, não consegue por si só trazer segurança ao novo e ao diferente.
É triste constatar que uma raça que alcança os mais altos patamares de desenvolvimento possa ser tão primitiva em muitos aspectos fundamentais. Como pode o mundo se submeter aos caprichos da estupidez?
Sem respostas, ao menos terminemos com Einstein:
"Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito." - Albert Einstein

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Neste Dia 24/11


24 de Novembro de 1859 - É publicado pela primeira vez o livro A Origem das Espécies, do naturalista britânico Charles Darwin (na imagem). http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Origem_das_Esp%C3%A9cies

24 de Novembro de 1991, morre Freddie Mercury, vocalista da banda Queen. http://pt.wikipedia.org/wiki/Freddie_Mercury

Dia de regozijo e pesar.

Tempo Bom Esse Que Não Vi

Aqui sentado nessa cadeira, na frente dessa mesa, onde repousa esse copo, que carrega essa cerveja, que bebo de gole em gole. Aqui, entre essa conversa e aquela, entre esse assunto e o outro, entre esse  papo que vem e aquele que já foi, eu fico a sonhar.

Sonho com um tempo que só ouço falar, um que passou e eu não vi pois não estava lá. Um tempo em que, pelo que dizem por aí, a gente saía do trabalho a pé, encontrava os camaradas nas esquinas e seguia pra o boteco que ficava logo ali na frente. O bom amigo garçom já descia aquela que a gente gosta, naquele precinho camarada que nem esses que sentavam na mesa com a gente e faziam prosa.

Nesse tempo que sonho, também pelo que dizem, quando a cervejinha subia e chegava a hora de zarpar, não tinha perrengue. Era só levantar, pagar a sua ou pendurar e seguir seu rumo, cambaleando pelas ruelas de paralelepípedos sem pressa nem medo.

Correr pra quê? Pra tropeçar nas pernas? Não senhor, devagar a gente chega lá, nada nos afronta, nos impede e nos aguarda. A não ser a cama macia esperando pra a gente arriar nela, toda carinhosa, macia e sempre presente. Isso se o que espera não for os braços, os abraços e o cafuné de quem a gente gosta.

Sonho bom esse, viu. Alegra a ideia, mas depois entristece quando a gente percebe que é só sonho mesmo. Que agora que a cervejinha subiu, vou ali pagar a conta no dinheiro, se não tiver tem que ser no cartão mesmo. E se os camaradas estiverem na mesma e não tiver um pra levar o resto, ou se arrisca com o carro por essas ruas ou chama um táxi que te leva pra casa. E com ele os olhos da tua cara, do preço que ele vai cobrar!

Ir a pé nem pensar, é pedir pra ser roubado. Te levam as calças, as meias e até as cuecas, e não dá não pra ver. Se não lhe quebram a fuça na mão mesmo ou estripam na ponta da faca. Isso quando o bandido já não vem armado até os dentes e já manda uma na testa sem pensar duas vezes.

Ah esse tempo viu, tempo que eu nem vi. Como faz pra voltar nele? Porque esse de hoje, na gente só dá tristeza.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sequer Querer, Por Querer e Sem

O querer já me rendeu muita reflexão, muita alegria e muito desapontamento, assim como rende a todos nós, todos os dias. Nossas vontades refletem o que somos em essência, trazem à tona até mesmo o que perambula pelas mais estreitas e escuras veredas do nosso ser, aquilo que negamos, reprimimos ou até mesmo desconhecemos sobre nós. Controlar o querer é possível para alguns, impossível para muitos e difícil para todos. E não me refiro a apenas desejos por bens materiais, o querer engloba necessidades primárias, carnais, supérfluas, mesquinhas e tacanhas. Liberta nosso melhor e nosso pior, se levarmos em conta os objetos de desejo e o empenho para consegui-los. Pensar a respeito me rendeu mais que o usual, um texto e dois tweets:

Tweet 1: Quando se quer e não se consegue, ou é porque se quer a coisa errada, ou é porque não se está pronto pra receber, penso eu.

Tweet 2: Querer demais aumenta a probabilidade de arrependimento e falha. Ou seja, não há aprendizado melhor do que querer.

Texto:  Eu quero muito... Penso que quero em demasia quando me diminuo ao ponto de humilde, compassivo e satisfeito. Quero ir, quero vir, quero ficar, quero acreditar, quero viver, quero morrer, quero comer, quero dormir, quero beber, quero fumar, quero rir, quero falar, quero ouvir, quero o silêncio, quero áudio, quero vídeo, quero a cor, quero a ausência da cor, quero o vento, quero o abrigo, quero a água, quero a ilha, quero a luz, quero o escuro, quero a terra, quero o rio, quero o fogo, quero não me queimar, quero estudar, quero não ter prova, quero não fazer nada, quero não trabalhar, quero não aceitar, quero não correr, quero enxergar, quero não ver, quero não ser culpado, quero ser reconhecido, quero amar, quero não gostar, quero o paraíso, o inferno e o limbo.
       Eu quero pouco... Penso que quero pouco quando saio de dentro da caixinha e me deparo com minha pretensão, audácia, prepotência e superioridade. Características típicas de minha espécie, me fazendo pensar que mereço tudo que quero. E eu quero.


Cada um desses aborda um aspecto do querer visto de uma forma específica. Mas em ambos deixo a opinião de que deve-se sim, querer e por fim não ter medo de não conseguir. A jornada à galgar por aquilo que se quer será tortuosa e fria, se mostrará no fim recompensadora ou um total fracasso. Mas se não estiver disposto a correr o risco, estagne-se. Fique com o que tem e com o que lhe é dado, nutra seu medo e vete sua possível fonte inesgotável de aprendizado.

*O desfecho deste post fez com que eu me lembrasse do seguinte tweet, o qual não poderia deixar de acrescentar aqui: 

Indiferença, medo: às vezes o médio é vicioso e nos impede de buscar o melhor.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Música 1

Depois de usar o trecho como inspiração para o post anterior nada mais justo que divulgar a banda. Como disse anteriormente The Killers é minha banda favorita. Fato que eu até hoje não sei explicar o motivo, uma vez que a banda não tem semelhança alguma com o que costumo ouvir. Não é rock and roll, não é metal e não é nenhum tipo de folk. É um tipinho leve, com pegada ora animada ora sóbria, letras encorajadoras e que contam sobre casos entre pessoas. Contam sobre atitudes, consequências, vidas e sentimentos banais. Os quais todos sentimos e pensamos sermos os únicos a sentir. Ou seja, diferente de tudo que costumo ouvir. Transcrever The Killers e tentar sabe porque gosto pode levar tempo o suficiente para eu começar a me perder nas palavras e deixar de ser coeso.


O trecho que citei no post anterior é da música Smile Like You Mean It, do álbum Hot Fuss. Segue abaixo a letra da música, a qual optei por não colocar a tradução, pois nela (como na maioria das traduções) se perde muito da intenção da letra e o sentido de muitas sentenças pode ser distorcido.

Smile Like You Mean It


Save some face
You know you've only got one
Change your ways
While you're young

Boy, one day you'll be a man
Oh girl, he'll help you understand

Smile like you mean it

Looking back
At sunsets on the East side
We lost track of the time

Dreams aren't what they used to be
Some things sat by so carelessly

Smile like you mean it 

And someone is calling my name
From the back of the restaurant
And someone is playing a game
In the house that I grew up in
And someone will drive her around
Down the same streets that I did
On the same streets that I did

Smile like you mean it

Oh no, oh no, no no


Uns os chamam de Indie, outros de Alternative, eu os chamo de boa música, o único rótulo que para mim é realmente relevante.

Nulos e Indiferentes

Este vem com os cumprimentos de minha noite passada. Ela foi um tanto conturbada. Acordei algumas vezes, coisa que não costumo fazer, usualmente durmo como uma pedra. Nela tive uma torrente ininterrupta de sonhos, dos quais eu não me recordo de nenhum.


Não sei chamar sonhos de pesadelos desde o fim da minha infância, onde eles eram rotulados em dois grupos de maneira bem simples: bons e pesadelos. Apesar de hoje em dia nunca me ocorrerem sonhos exatamente bons. Não sei porque, mas meus sonhos nunca são legais, prazerosos ou engraçados, são sempre ruins, desconfortáveis e na melhor das hipóteses (não sei se dá pra chamar assim) nulos e indiferentes. Não é algo que eu questione, já estou acostumado.
Nunca havia parado pra pensar sobre o que realmente os sonhos são e para que servem. Até que um dia li em algum lugar que muitas vezes eles são proféticos, abertos a interpretações, e seu conteúdo pode ser resultado de projeções astrais.

Não fiquei muito convencido, mas guardei a informação para posteriormente analisar meus sonhos e ver se encontrava algum fundamento nas teorias que li. Eu, na maioria das vezes esqueço completamente o que sonhei na noite anterior, em outras a lembrança ainda perdura um pouco e nas mais raras o sonho é tão ruim e marcante que eu acabo por não esquece-lo. Assim passei a prestar atenção (quando conseguia lembrar) nos sonhos que tinha, no que continham e se havia algo subentendido entre eles. 
E após não encontrar absolutamente nada que se encaixasse com as teorias, elaborei minha própria, mesmo sem saber o que dizem os neurologistas e afins a respeito do assunto. Ela consiste no seguinte: o sonho é composto por informações armazenadas no cérebro, exibidas de forma alheia ao nexo na qual elas foram obtidas. Como um quebra-cabeça. Forçando-o, você consegue fazer com que as peças erradas se encaixem.

Após uma noite como a passada, essa minha teoria "ceticista" sobre os sonhos veio novamente à tona e implicou no seguinte tweet:

Acho muito ruim não me lembrar do que sonhei a noite. Apesar de pensar que sonhos são apenas informações num fluxo desordenado.

E após acordar, ainda com a péssima noite de sono espiralando na memória, foi o trecho de uma música que ouvi hoje durante o almoço que me levou a escrever esse post. Uma música que gosto muito, de uma banda que gosto mais ainda (minha favorita, pra ser mais exato), cujo trecho diz: "Dreams aren't what they used to be".

E com isso eu concordo fervorosamente, os sonhos não são mesmo o que costumavam ser. Certamente porque as informações armazenadas no meu cérebro mudaram bastante da infância pra cá. Pode-se chamar isso de "ordem natural das coisas", não?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Leitura 1

Há algum tempo atrás me interessei muito pelo título de um livro que encontrei em uma de minhas visitas à biblioteca do Senac. O título "Como Me Tornei Estúpido" me fez rir a princípio, fiquei curioso em saber do que se tratava e levei-o para ler.


Mais que recomendado, a seguir meu trecho favorito da obra:

Sempre parecera a Antoine contabilizar sua idade como os cães. Quando tinha sete anos, ele se sentia gasto como um homem de quarenta e nove anos; aos onze, tinha desilusões de um velho de setenta e sete anos. Hoje, aos vinte e cinco, na expectativa de uma vida mais tranqüila, Antoine tomou a decisão de cobrir o cérebro com o manto da estupidez. Ele constatara muitas vezes que inteligência é palavra que designa baboseiras bem construídas e lindamente pronunciadas, e que é tão traiçoeira que freqüentemente é mais vantajoso ser uma besta que um intelectual consagrado. A inteligência torna a pessoa infeliz, solitária, pobre, enquanto o disfarce de inteligente oferece a imortalidade efêmera do jornal e a admiração dos que acreditam no que lêem.

Faz refletir sobre as implicações negativas (e não são poucas) pelas quais e inteligência é responsável, fazendo com que a ignorância seja valorizada sob um ponto de vista.

Indisciplinado

Desde que me entendo por gente tenho uma imensa dificuldade de me disciplinar; Me obrigar a fazer as coisas que não quero, terminar o que começo e persistir no que não vejo futuro (ao passo que minha visão de futuro é extremamente limitada). Nunca fui uma criatura perseverante nem tampouco esforçada. Janis sempre me dizia em uma de suas canções: "Try, just a little bit harder". Mas eu nunca dei ouvidos. Sempre fui um "give upper" assumido.

Na escola, sempre fui um bom aluno, adorava as aulas e me interessava por todas as matérias. A professora ensinava, eu aprendia, na hora da prova eu sabia e assim tirava sempre boas notas. Simples assim, sem precisar estudar. Isso perdurou somente até a 8ª série, no ensino médio tudo mudou. Os assuntos começaram a se aprofundar e eu não mais me interessava por todas as matérias. Física e Matemática (eu costumava adorar Matemática) se tornaram pesadelos. E nestas, para que eu tirasse boas notas, teria que de uma vez por todas estudar. Estudar como todos os outros alunos estavam acostumados a fazer desde sempre. Estudar como eu nunca havia feito. Eu chegava em casa, abria o livro, começava a ler e em poucos instantes já o estava usando como travesseiro. Assim eu ganhei uma dependência em Física no 2º ano e nenhuma em Matemática pois a professora teve pena.


Quanto a isso eu mudei um pouco, hoje existe uma exceção. Eu trabalho, não gosto mas preciso. É difícil para mim acordar todos os dias e por o pé na rua, mas não tenho outra opção (sempre se tem uma outra opção), pelo menos nenhuma viável. O ínfimo esforço que meu ser contém é todo usado no trabalho.

Foi em um de meus inúmeros momentos de desânimo que o seguinte tweet surgiu:

É preciso força e disciplina atroz para se fazer o que não se quer fazer, o que não se gosta de fazer. Só resta saber se isso é bom ou ruim.

Eu não sei dizer se ter a capacidade de obrigar-se é algo positivo ou negativo. Existe a possibilidade de que não gostar de algo, ou de fazer algo, seja nosso corpo opinando na nossa vida. Da mesma forma que existe a possibilidade de ser apenas preguiça e má vontade.

Gosto de pensar que falta de disciplina é a minha maneira de respeitar as vontades do meu corpo. Mas não ligo se encararem isso tudo como conversa de preguiçoso. Vai ver é isso mesmo.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Artes Visuais 1

Para amenizar um pouco a densidade das ideias,
nada melhor que um pouco de arte:
Um dos John Kenn's monsters, desenhados em post-its.

Confira os demais desenhos de John Kenn no link:

Não Opcional

Desde pequenos nossos pais nos cobram respeito. Dizem que devemos respeitá-los, respeitar nossos avós e nossos professores. Outros são mais genéricos, nos dizendo para respeitar todos os mais velhos.

Esta última, a mais genérica, sempre me causou certa dúvida quando era criança. O quão mais velho exatamente deveria ser alguem para eu ter de respeitar? Para mim, não seria justo se o termo "mais velho" englobasse cada individuo que fosse, poucos anos, meses, dias ou horas mais velho que eu. Isso me causava certa revolta, então decidi que a ordem de respeitar os mais velhos só se encaixaria àqueles que, aparentemente, tinham mais de 40 anos (isso apenas para os demais, pais e professores eram exceções a minha "regra").

Apesar de ter encontrado uma solução para o dilema de "a quem respeitar", ainda havia algo que me causava dúvidas. Eu ainda não conseguia entender o que é respeito, o que é respeitar, como diferenciar minha maneira de agir com aqueles que devo, daqueles que não preciso respeitar? Eu na maioria das vezes confundia respeito com educação, e me doía ter que ser educado com quem eu julgava não merecer.

Não obtive as respostas para o que viria a ser respeito por muito tempo. Portanto, vivi a infância toda sem saber se estava ou não respeitando quem deveria. Quando alguém me repreendia, cobrando respeito, eu me perguntava onde estava errando.
Apenas anos depois, quando eu já era adolescente, foi que consegui, por conta própria, sanar minhas dúvidas. Respeitar passara então, para mim, a ser sinônimo de aceitar, compreender, valorizar e não interferir.

Meu tweet, quase "monossilábico", foi o seguinte:

Respeito não é uma opção.

Essa sentença é resultado de tudo que, para mim, o respeito implica. Se baseia no que ele pretende, a quem alcança, onde se encaixa e como é extremamente necessário na maioria das vezes. Tento fazer o melhor possível. Respeito as pessoas, o que elas são, fazem, têm, pensam e idealizam. Concordando ou não com o que pra elas é fato, da maneira mais empática e imparcial possível. Faço o possível para agir da mesma forma, perante todas as coisas.

Para mim, o respeito não é uma opção, pois todas as opções têm de ser respeitadas.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O Humilde Paradoxo

Antes de mais nada devo avisar que todo o conteúdo desse post sou eu dando um passo maior que minhas pernas. Ele passa de reflexão a paradoxo, o qual não tenho nada a acrescentar, nenhuma resposta, a não ser observação e dúvida.
Neste ano votei pela primeira vez. Eleições até então só me causavam aversão e repulsa por política e minha primeira participação como cidadão brasileiro votante, só fez com que esse sentimento se duplicasse. Agora, após analisar cada um dos indivíduos que o Brasil elegeu, sinto pelos eleitores brasileiros o mesmo que sinto pela política.
Mas voltando à minha primeira eleição. O fato é que, nesta eu estava disposto a me interessar, assistir o horário eleitoral e os debates, ler sobre as propostas dos candidatos e tudo o mais. Ser um eleitor responsável. Foi então que, assistindo a um debate dos presidensiaveis, me apeguei a algo que uma das candidatas (Marina Silva) repetia incansavelmente. Ela dizia que no Brasil, os governantes só fazem remendar, tudo o que está errado e gerando problemas é por eles remendado. E que nenhuma ação ampla, com o intuito de mudar completamente o que não está funcionando, era realizada.
Essa lógica engloba mais que apenas governantes, engloba tudo. Simplesmente tudo. E o tweet (baseado nessa lógica) que deu origem a este post foi o seguinte:

Não nos mexemos a não ser que a crise bata à nossa porta, a não ser que algo ameace nossa estabilidade. Não agimos, apenas reagimos.

Aí está a parte simples. O fato de que nós, seres humanos, não saímos da nossa zona de conforto a não ser que seja extremamente necessário não é nenhuma novidade. 


O paradoxo surge a partir do momento em que ampliamos essa visão, e percebemos que tudo o que existe age, ou melhor, reage da mesma forma. Tudo que acontece é consequência de uma ação anterior, que por sua vez, também foi gerada por uma ação anterior. Tudo acontece por uma razão e a razão é dar o empurrão para o próximo acontecimento, assim como o anterior implicou na razão em questão. Tentar explicar o paradoxo é outro (paradoxo). É repetir inúmeras vezes certas palavras e colocá-las no começo, meio e fim da mesma sentença até se cansar de fazê-lo. Fica mais fácil ter em mente que TUDO É REAÇÃO.


Vou parando por aqui antes que dessa minha humilde boca comecem a sair asneiras, se é que já não saíram aos montes. E como prometido: Passo maior que as pernas e nenhuma resposta

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Neste Dia 09/11

09 de Novembro de 1989 - O Muro de Berlim (na imagem)
começa a ser derrubado, pressagiando a reunificação da Alemanha.
http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal


Silêncio Confortável

Há muito tempo percebi, sendo eu péssimo em puxar assunto, que quando estamos na presença de alguém que não conhecemos bem ou queremos conquistar algum afeto (seja ele amizade, ou mais que isso), nos obrigamos a estabelecer uma conversa o mais ininterruptamente possível. Vomitamos assuntos atrás de assuntos, na esperança de que um deles se prolongue o suficiente e de alguma forma, mostre para a outra pessoa como somos legais e inteligentes. Percebi também que, em contrapartida, quando estamos com alguém que gostamos ou conhecemos bem, tanto a conversa flui de maneira natural quanto os momentos de silêncio (que marcam o fim de um tópico e duram até o surgimento do próximo) são encarados de maneira trivial, sem pressão nem desconforto.

Essa percepção sempre me foi tão banal, tão conhecida que demorei muito pra transfigurá-la em tweet. Antes disso compartilhei-a diversas vezes, com diversas pessoas. Cada vez que a relatava a alguém pensava em fazer dela um tweet, mas sempre acabava esquecendo. Quando enfim lembrei ela tomou a seguinte forma:

Sentir-se confortável perante os momentos de silêncio que, ocasionalmente ocorrem entre duas pessoas, é a prova de que é grande a afinidade e o sentimento que existe entre elas.

Quando colocamos "na ponta do lápis" algum pensamento, o mesmo se torna a nossos olhos bem mais nítido e formal. Nos sentimos satisfeitos com o fato de termos perpetuado uma ideia. Foi aí que (como diria a música Nem Parece, do Mombojó) o "acontecido aconteceu".

Mia Wallace (Uma Thurman)

Há algumas semanas, um amigo me passou o filme Pulp Fiction para eu assistir. Deixei para assistir, como sempre faço, no domingo a noite. Então, em uma cena protagonizada por John Travolta e Uma Thurman, a personagem diz (vide imagem), ante o silêncio momentâneo, que quando ficamos confortáveis perante o silêncio com alguém estranho, significa que a pessoa que esta diante de nós é especial e que entre elas há cumplicidade.
No mesmo instante bradei: "Putz, quase igual aquilo que eu vivo dizendo". A principio não gostei muito, pois seria possível que as pessoas pensassem (ao ler meu tweet ou me ouvir dizer) que eu tirei minha ideia do filme. Mas depois, não mais me importei e quando penso no assunto é apenas com curiosidade, devido ao fato de ideias semelhantes surgirem de maneiras diferentes, através de pessoas diferentes.

Instinto Coletivo

Certo dia eu estava em casa deitado no sofá, ouvindo música. Estava tocando a música Instinto Coletivo, cujo título também dá nome ao álbum, do grupo O Rappa. Essa é uma das músicas que mais gosto desse álbum, mas até então eu não havia parado pra pensar direito no significado do título; Instinto Coletivo.

Presumi de cara que instinto coletivo é o que faz com que nós, animais (humanos e não-humanos), sintamos necessidade de estar em grupo, interagir com outros de nossa espécie, sentimos necessidade de viver em coletividade. Essa conclusão me levou automaticamente a pensar nos que se negam a suprir essa necessidade ou, sabe-se lá como, não a tem.

Os primeiros (os que se negam) são chamados de eremitas ou ermitões. A definição encontrada para o termo mais utilizado, que é eremita, é a seguinte: Eremita é um indivíduo que, usualmente por penitência, religiosidade, misantropia ou simples amor à natureza, vive em lugar deserto, isolado.
Os segundos (os que não a tem) são chamados de misantropos. E a definição para a misantropia é a seguinte: Misantropia é a aversão ao ser humano e à natureza humana no geral. Também engloba uma posição de desconfiança e tendência para antipatizar com outras pessoas. Um misantropo é alguém que odeia a humanidade de uma forma generalizada.


Santo Antão do Deseto, exemplar do eremitismo cristão na história.
  Refletindo sobre o que ser dependente do Instinto Coletivo nos implica, fica fácil empatizar com os eremitas. E refletindo sobre as atitudes dos seres humanos fica fácil empatizar com os misantropos. Essa empatia então, se transformou no seguinte tweet:

Acho que se pudesse escolher, eu seria um misantropo, um ermitão. Livre e feliz por não ser escravo do instinto coletivo.

Sentir necessidade de viver em grupo é o que nos impulsiona a por o pé na rua e ver gente por aí, conhecer, se relacionar, se apaixonar e amar. Nossas interações com os outros influenciam diretamente no que somos e seremos. O que vimos e vivemos originará nosso comportamento e nos modificará para sempre, de maneira positiva e negativa.
A parte boa do Instinto Coletivo fica óbvia facilmente. E a parte ruim também não exige muita busca. Ela fica bem explícita quando estamos sozinhos, quando temos alguma desilusão ou desentendimento. Fica explícita sempre que nossas interações com os outros são frustradas de alguma forma.
Era em uma situação como essa que eu me encontrava ao escrever o tweet acima citado, que constato agora, gera muito mais reflexão do que parecia a princípio. Senti, não apenas uma vez, vontade de ser um eremita ou até mesmo um misantropo. E sei que tal sentimento me tomará novamente, ainda diversas vezes. É o preço a se pagar por, como eu disse em meu tweet, ser escravo do Instinto Coletivo.

Quero por fim deixar claro, que não sou (apesar das palavras acima) um adepto da misantropia ou do eremitismo. Sou apenas mais um empático, alguém que geralmente compreende atitudes radicais, desesperadas e não-convencionais. Alguém que constata em certas ocasiões, como o Instinto Coletivo pode ser cruel. E em outras, como ele nos proporciona experiências incríveis e únicas, com pessoas incríveis e únicas.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Revirando meu Warehouse

Esse post tem como objetivo explicar como serão elaboradas minhas postagens futuras.

Desde o princípio, gostei muito de utilizar o tão falado micro-blog que já somou um enorme número de usuários. É, de cara, muito mais fácil criar um texto em 140 caracteres do que elaborar algo maior, mais complexo e mais significativo para se postar em um blog. Encontrei então um estímulo maior a escrever e passei a prestar maior atenção em pequenas coisas, possíveis reflexões, novas percepções que mais tarde poderiam se converter em um bom tweet.
Com o passar do tempo meu número de tweets, naturalmente, cresceu bastante. Daí então eu passei a separar os tweets irrelevantes e os que não eram de minha autoria dos que continham pensamentos ou reflexões que eu mesmo elaborei. Estes eu marquei como favoritos, ali mesmo no twitter, e posteriormente transferi a um arquivo de texto, atualizando o arquivo sempre que escrevia no twitter algo novo. Com o intuito de, futuramente, lapidar cada pequeno texto, torna-lo algo maior e mais complexo, que é exatamente o que farei neste blog.

Enfim, aqui estou eu, revirando e encontrando uma possível utilidade às coisas empilhadas nas caixas, prateleiras e barris de meu depósito.

http://twitter.com/fernandoanimali

Parabéns e Paramales

Abro nesse instante as portas de meu depósito.

Torno público, em palavras e imagens, tudo o que até então meus olhos viram e não esqueceram. Tudo o que através de mim se tornou palavra. Tudo o que me rendeu reflexão, dúvida, resposta, alegria, tristeza, conformidade, revolta, admiração e desgosto.

Uma vez porta a dentro, não espere por nada. Deixe que cada prateleira, caixote e barril te surpreenda de alguma forma. Aqui há o belo, o correto, o útil, o real e o bom. Se você procurar com zelo irá  encontrá-los. Já o feio, o errado, o inútil, o irreal e o ruim, você irá encontrar de qualquer maneira, mesmo sem procurar. Pois eles necessariamente existem, para lhe ajudar a reconhecer os seus opostos.

Os males existem para que você enxergue os bens.

Como dito anteriormente, não espere por nada, sou apenas um guarda-tralhas. Aquele tipo que acumula coisas na esperança que elas tenham utilidade um dia.