terça-feira, 9 de novembro de 2010

Instinto Coletivo

Certo dia eu estava em casa deitado no sofá, ouvindo música. Estava tocando a música Instinto Coletivo, cujo título também dá nome ao álbum, do grupo O Rappa. Essa é uma das músicas que mais gosto desse álbum, mas até então eu não havia parado pra pensar direito no significado do título; Instinto Coletivo.

Presumi de cara que instinto coletivo é o que faz com que nós, animais (humanos e não-humanos), sintamos necessidade de estar em grupo, interagir com outros de nossa espécie, sentimos necessidade de viver em coletividade. Essa conclusão me levou automaticamente a pensar nos que se negam a suprir essa necessidade ou, sabe-se lá como, não a tem.

Os primeiros (os que se negam) são chamados de eremitas ou ermitões. A definição encontrada para o termo mais utilizado, que é eremita, é a seguinte: Eremita é um indivíduo que, usualmente por penitência, religiosidade, misantropia ou simples amor à natureza, vive em lugar deserto, isolado.
Os segundos (os que não a tem) são chamados de misantropos. E a definição para a misantropia é a seguinte: Misantropia é a aversão ao ser humano e à natureza humana no geral. Também engloba uma posição de desconfiança e tendência para antipatizar com outras pessoas. Um misantropo é alguém que odeia a humanidade de uma forma generalizada.


Santo Antão do Deseto, exemplar do eremitismo cristão na história.
  Refletindo sobre o que ser dependente do Instinto Coletivo nos implica, fica fácil empatizar com os eremitas. E refletindo sobre as atitudes dos seres humanos fica fácil empatizar com os misantropos. Essa empatia então, se transformou no seguinte tweet:

Acho que se pudesse escolher, eu seria um misantropo, um ermitão. Livre e feliz por não ser escravo do instinto coletivo.

Sentir necessidade de viver em grupo é o que nos impulsiona a por o pé na rua e ver gente por aí, conhecer, se relacionar, se apaixonar e amar. Nossas interações com os outros influenciam diretamente no que somos e seremos. O que vimos e vivemos originará nosso comportamento e nos modificará para sempre, de maneira positiva e negativa.
A parte boa do Instinto Coletivo fica óbvia facilmente. E a parte ruim também não exige muita busca. Ela fica bem explícita quando estamos sozinhos, quando temos alguma desilusão ou desentendimento. Fica explícita sempre que nossas interações com os outros são frustradas de alguma forma.
Era em uma situação como essa que eu me encontrava ao escrever o tweet acima citado, que constato agora, gera muito mais reflexão do que parecia a princípio. Senti, não apenas uma vez, vontade de ser um eremita ou até mesmo um misantropo. E sei que tal sentimento me tomará novamente, ainda diversas vezes. É o preço a se pagar por, como eu disse em meu tweet, ser escravo do Instinto Coletivo.

Quero por fim deixar claro, que não sou (apesar das palavras acima) um adepto da misantropia ou do eremitismo. Sou apenas mais um empático, alguém que geralmente compreende atitudes radicais, desesperadas e não-convencionais. Alguém que constata em certas ocasiões, como o Instinto Coletivo pode ser cruel. E em outras, como ele nos proporciona experiências incríveis e únicas, com pessoas incríveis e únicas.

Um comentário:

B. disse...

e acrescento que se formos eremitas ou até mesmo misantropos nós teriamos também boas histórias, e igualmente únicas. No caso estas apenas não seriam com pessoas!


-